Nós, mamíferos,
temos uma relação incrível com nossas mães. Ao nascer, temos o colo, o
alimento, o aconchego. Porém, se puxar um pouquinho mais na memória, temos o
cheiro de nossa mãe, e esse cheiro vem principalmente do pescoço, onde sempre
estamos aconchegando nosso rosto. E não só como mãe, como mulher, elas nos
marcam com seus mais belos perfumes, e claro, esse cheirinho de pescoço é uma
marca que acompanha a nossa trajetória.
No colo enquanto
bebê, sentimos esse perfume materno no aconchego, no soninho, no abraço, no
carinho.
Na infância,
temos o cheiro da segurança, quando tropeçamos e queremos um afago, no abraço
do pós-susto da professora, no abraço choroso da mãe, enquanto ela nos fala “Eu
não disse que era para tomar cuidado?”.
Na adolescência,
quando chegamos da escola, pulando no abraço da mãe no sofá; quando estamos
aprontando e vamos nos guardar segurando firme por trás, parecendo um
paraquedas de tão firme e grudado nas costas; quando vamos agradar a cozinheira
da escola pela dedicação do alimento do dia ou até para puxar o saco e pedir um
biscoito a mais.
Na fase adulta,
quando a mulher sente a sua companhia vir de surpresa, abraçar e dar um beijo
no pescoço e dar aquele cheiro para sentir a fragrância da paixão; quando chega
a hora de dormir, fica ali na conchinha do abraço quente e com o pescocinho bem
ali, pertinho, antes de ter que levantar e ver como estão as crianças no quarto;
quando vai desabafar com aquela amiga com perfume barato, mas com o cheiro de
conforto num abraço de “Calma, estou aqui para te ouvir”.
Na fase dos
cabelos brancos, quando a experiência de toda uma vida se torna fruto de uma família
que cresce e volta ao ciclo do melhor cheirinho do mundo, aquele pescoço;
quando aquela criançada passa correndo ao seu lado e um deles para “Oi, tia!” e
a resposta “Oh, menino, vem cá, dá um abraço na tia. Você tá bem, meu filho?”.
Pode ser um
detalhe tão sutil, mas tão sutil, que se não fosse minhas mais belas memórias,
não teria contado. Falei de mãe, falei de professora, falei de cozinheira,
falei de avó, falei da vizinha mais antiga e gente boa da rua, mas falo da
mulher, de toda mulher, para toda mulher, que nos dá a oportunidade de sentir
esse cheiro de amor, afago, carinho, cuidado, saudade.
Para as
mulheres, que o abraço seja o sinal de sempre nos marcarem pela sua melhor
essência, seja a interior, seja a do seu pescoço. Parabéns pelo dia, melhor, não só pelo dia, mas por todos os dias.